VERDADES E MENTIRAS
SOBRE TANTRA E SEXO TÂNTRICO
Por
Virginia Gaia*
Se
olharmos para a época dos primeiros registros históricos do conjunto de
práticas pagãs descritas nas escrituras denominadas “Tantras” – de onde deriva
o nome “Tantra” e a expressão “Sexo Tântrico” – até o os dias de hoje, muito
tempo se passou. Desde então, diversos serviços (muitos deles um tanto
equivocados) surgiram ao acrescentar o adjetivo “tântrico” a um sem número de
atividades.
“Massagem
Tântrica”, “Terapia Tântrica”, “Iniciação Tântrica” e por aí vai. Parece que para
cada coisa que soa inatingível ou frustrante no campo da sexualidade humana foi
criada uma solução “tântrica”. O resultado disso é que muita gente ainda acha
que para praticar o Tantra o aspirante precisa adquirir serviços – massagens ou
supostas “iniciações” - prestados por terceiros, o que não é verdade.
É claro
que o Tantra requer técnica. E também é bem verdadeiro que as técnicas sexuais
tântricas realmente aprimoram a experiência de prazer durante o ato sexual. Mas
o que não se faz necessária é a terceirização profissional ou contratação de serviços
que, na realidade, não passam de distorções que pouco ou nada mantém do que é
retratado nas escrituras tântricas.
Com uma
base de conhecimento e um pouco de treino, é possível viver o Tantra dentro do
universo de cada indivíduo e também na vida sexual do casal, com práticas
diversas que são realmente muito prazerosas. Essa abordagem não é somente
possível, como leva o sexo tântrico para onde ele sempre esteve desde a
Antiguidade: a intimidade.
Outra
coisa importante para se considerar quando pensamos em Tantra são suas raízes filosóficas.
Aliás, diga-se de passagem, que o misticismo tântrico é bem peculiar e que, em
suas diversas vertentes, é possível encontrar abordagens compatíveis até aos
mais céticos. Dentre as diversas
correntes e caminhos tântricos, há vertentes que falam de um “encontro com o
divino”, mas também há aquelas que não pregam a existência de um deus externo à
consciência do praticante, se aproximando muito da abordagem da psicologia para
o tema da sexualidade.
Isso
porque, de todos os temas abordados nas escrituras tântricas, somente 7% tratam
de técnicas corporais com fundo sexual. Os demais 93% abordam assuntos diversos
que derivam da aplicação de um pressuposto tântrico básico: o de que a nossa
energia vital tem fundo sexual. Aliás, esse é um dos pontos que comprova o
quanto o Tantra, apesar de tão antigo, ainda é válido para os dias atuais.
Não
podemos ignorar que esse sistema, criado há quase cinco mil anos, pregava no
oriente o que só se passou a aceitar no ocidente há pouco mais de cem anos com
a psicanálise. Enquanto o Tantra retrata a “Kundalini” como a chama vital humana,
Sigmund Freud conceituou a “Libido”.
E isso
explica a grande dificuldade que ainda temos no ocidente para incorporar o
Tantra em nossa intimidade, sem terceiros, mas buscando informação e
conhecimento para incorporá-lo em nossa vida sexual. A repressão a que fomos
submetidos nos distanciou do uso do prazer como forma de expansão da
consciência, colocando o sexo e a sexualidade em um local inacessível, obscuro
e cheio de tabus.
E daí é
que podemos tirar proveito de outro princípio tântrico básico que é a quebra de
tabus. Esqueça essa história de que aprender técnicas tântricas para usar a sós
ou com o parceiro é algo distante, busque informação e coloque em prática o
quanto antes. Porque sempre é hora para o despertar de uma nova
consciência!
*Virginia Gaia é astróloga e estudiosa de mitologia e religião
comparada há mais de 15 anos, tendo estudado e praticado diferentes vertentes
do Tantra. Foi iniciada no Vajrayana - o chamado Budismo Tântrico ou Budismo
Tibetano - além de ter sido integrante de grupos fechados dedicados ao estudo
das técnicas tântricas no ocidente. Em paralelo, obteve a certificação de
Capacitação em Sexualidade, pela ABEME ( Associação Brasileira das Empresas do
Mercado Erótico e Sensual).
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